domingo, 11 de julho de 2010

TV aberta passa a idéia de que torcedores estrangeiros são tão fanáticos como os nossos

Uma das melhores maneiras de se impor um determinado comportamento para as classes mais pobres, que não tem acesso a outras fontes de informação que não seja o que chega até elas, sobretudo a TV aberta, é inventar mentiras, para consagrar o determinado comportamento que as elites esperam das classes mais carentes.

Consagrar um comportamento por meio de mentiras que simulam pseudo-sucesso no exterior é uma atitude já muito comum no show business. Falar que popularescos voltam ao país após "estourarem"lá fora, como já aconteceu com os menudinhos do Dominó e com o sambrega Alexandre Pires, soa como boa propaganda para quem tem a TV aberta como única fonte de notícias.

Agora é a vez do jornalismo esportivo adotar a mesma estratégia para tentar legitimar comportamentos que só existem por aqui. Principalmente no que se diz à maneira de como os torcedores torcem pelas suas equipes de futebol numa copa.

Quem é esclarecido e conhece os outros povos, sabe muito bem que o fanatismo do brasileiro não tem igual. Brasileiro vira criança em época de copa. Parece pírralho em época de Natal, com a "seleção" fazendo o papel de "Papai Noel". E lá vem bobagens como "futebol muda vidas", "futebol é nosso orgulho nacional", "copa é importante" e outras cretinices que não combinam com um evento que era para ser apenas lúdico. Pessoas deixam tudo na vida por causa dessa copa e são capazes de dar a vida por ela.

Mas como esse fanatismo infantilóide gera muitos lucros para organizadores e patrocinadores, eles mesmo fazem de tudo para manter a chama acesa dessa cega paixão. E para que os brasileiros não se sintam ridicularizados nesse papel patético, os barões da grande mídia tratam logo de criar meios de legitimar esse comportamento. Como o brasileiro é Maria-vai-com-as-outras, crê no que a maioria faz, o melhor a fazer é inventar que "todo mundo é assim".

As reportagens são editadas para que pareça que os estrangeiros, sobretudo os de paises mais evoluídos são tão fanáticos como o brasileiro. Os únicos que não são considerados fanáticos são os estadunidenses. A fama deles serem alheios ao que eles mesmos chamam de soccer é tão grande que não dá para esconder. Até parece que o fato de dar um nome diferente ao esporte é visto como sintoma desse desprezo (se bem que a Itália, que adora o esporte, também lhe dá um nome diferente, calcio).

Mas nada disso é verdade. os países gostam do futebol em diferentes níveis de adoração, embora nunca com o fanatismo debilóide do brasileiro, que chega a confundir a "seleção" brasileira com o próprio país e pensa que a copa é evento "cívico".

Há países que tem também o futebol como seu esporte favorito, como a Argentina e a Inglaterra. Há países que adoram futebol mas não o tem como esporte favorito, como o Japão e a Austrália. Há países que gostam só um pouquinho, como os países da Escandinávia (parte mais evoluída culturalmente, do Planeta Terra), preferindo outros esportes. Surpreendentemente, a África do Sul, que é um país de maioria pobre, demonstrou não ser nada fanático, mesmo entre o povo pobre (o futebol é ignorado pela maioria branca), que em entrevistas com torcedores, sempre apareciam respostas bem coerentes sobre o evento. País nenhum interrompe as suas atividades normais por causa desse evento. Isso é uma "prerrogativa" da nação brasileira, o "País de OZ".

Mas quando a TV aberta fala sobre o evento, a edição tenta mostrar ao brasileiro inculto que toda a população do mundo (exceto os estadunidenses) se rende hipnoticamente ao evento, para que o mesmo inculto se tranquilize e não se sinta vergonha de pagar mico com sua camiseta amarela. "Já que todos fazem, isso não deve ser ridículo", afirmará o brasileiro "patriota" de copa, entre aliviado e orgulhoso.

Nota-se que quanto menor o nível intelectual, maior o fanatismo, já que ninguém se entrega de uma forma tão histérica a uma bobagem se tiver a cabeça no lugar. Não é à toa que as indústrias de cerveja lucram bastante com esses eventos. Para se sujeitar a tanto mico, só tendo a cara bem cheia mesmo.

Em Países evoluídos, desenvolvidos, com excelente qualidade na educação, mesmo com a população admirando o evento, se tem a absoluta consciência de que futebol é apenas uma forma de divertimento e não se trata o esporte com a seriedade de um evento cívico, quase político, como se faz no Brasil. Ah, a relação entre futebol e política é muito bem explorada pela mídia brasileira, pois aumenta ainda mais o caráter "cívico" do evento. Aqui, por exemplo, técnico tem status de ministro de Estado. E bastou um chefe de estado, mesmo estrangeiro, falar sobre futebol, vem um brasileiro panaca e diz "tá vendo como o futebol é importante?". Coitado de quem pensa assim.

As pessoas deveriam utilizar a internet para se informar mais sobre o que acontece no mundo, conhecer culturas, costumes e não se limitar a uma única fonte. A novela Caminho da Índias, por exemplo, mostrou uma visão distorcida sobre o cotidiano dos indianos (baseado em distorção já feita pelo próprio cinema indiano, conhecido pelo cretino nome de "Bollywood"). Quem se basear nesta novela para tentar entender o povo indiano, vai entender errado e poderá inclusive facilitar o surgimento de vários motivos de preconceito.

A internet está aí para as pessoas procurarem se informar e não ficar acreditando em mitos. Brasil, país católico, pegou da religião o péssimo hábito em acreditar em lendas e passam a crer naquilo que os outros dizem, sem o interesse de pesquisar sobre os fatos. E a crença nestes mitos falsos facilita ainda mais o fanatismo no futebol, com a população inteira classificando como um ato heróico a simples entrada da bola em uma trave.

E isso o brasileiro, povo muito mal alfabetizado e submisso à mídia e às exigencias do convívio social, faz sem igual em qualquer lugar do mundo: cultuando ardorosamente 11 semi-analfabetos que ganham milhões de dólares para fazer o que muitos brasileiros fazem de graça, por simples diversão, nos finais de semana: correr atrás de uma bolinha.

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