segunda-feira, 30 de julho de 2012

Finalmente, o futebol tratado como futebol, um mero esporte e não como "orgulho nacional"

Ontem, eu tive que almoçar na companhia de pessoas que estavam assistindo ao jogo da "seleção" contra Belarus (ou Bielo-Rússia, se preferirem), nos Jogos Olímpicos de Londres.

Não sei dizer se a ausência de um locutor histérico com o Galvão e similares ou o desinteresse natural da população brasileira pelas olimpíadas, influíram, mas notei uma calma impressionante e inacreditável durante o jogo que, pelo que percebi, foi tratado como um mero esporte, como realmente é, sem a histeria, o barulho e o alienante fanatismo costumeiro em jogos dos amarelões. 

Por causa dessa tranquilidade, foi até legal assistir ao jogo, pois ele estava despido de toda desnecessária euforia irritante que transforma o futebol num compromisso cívico/social, algo que não acontecia há muito tempo. O futebol finalmente foi tratado como futebol e não como fonte de alegria postiça de quem não consegue - ou não quer - se alegrar de outra forma.

Foi bom assitir a um jogo sem locutores histéricos, sem barulho na vizinhança e sem aquele desesperado desejo de vitória, como se a vitória da "seleção" pudesse trazer uma (falsa) prosperidade a população do Brasil. Que todos os jogos possam ser assim, principalmente os da copa. 

Se bem que isso é uma utopia. A mídia e os patrocinadores, em 2014, vão fazer de tudo para que o futebol deixe de ser futebol e se torne uma histeria pseudo-patriota que levará a todos a um clima alegremente tenso, histérico e completamente alucinado, torcendo desesperadamente por uma prótese de felicidade que na verdade nunca substitui a alegria real que nunca conseguimos ter.

Parabéns a Record pelo profissionalismo e imparcialidade que fizeram uma transmissão limpa, onde locutores não fizeram papel de cheerleaders, garantindo uma transmissão digna de uma modalidade esportiva. A Band e principalmente a Globo, entusiastas das transmissões histéricas e proselitistas, deveriam aprender muito com a equipe da Record.

Esse jogo vai ficar para a história como o jogo em que o futebol foi tratado como futebol. E nada além disso.

domingo, 29 de julho de 2012

Pátria dos Bebês Chorões

Se existe algo que não combina com o esporte e muito menos com atletas dispostos a vencer através da força física (esporte é força física - senão vira xadrez, baralho...) é chorar após vitória.

Após derrota, até é compreensível, já que choro é o sinal natural de tristeza. Mas na vitória? O povo brasileiro é muito piegas, emotivo e isso está arruinando o país, fazendo com que a racionalidade seja cada vez mais rara em nossa sociedade, permitindo que muitos absurdos e erros sejam naturalmente aceitos e até defendidos. 

O povo brasileiro virou o povo bebê-chorão, que se emociona no momento errado, que não raciocina com discernimento e dá nisso tudo aí, um país que nunca se desenvolve e que prefere maquiar com pompas, consumismo e outras ilusões do que realmente dar melhorias reais a população, que permanece sempre iludida e alienada, achando que vai evoluir se tornando puramente emotivo.

Sinceramente acho feio esportista chorar. Esses bananas mostram que se são fortes na ação, são bem fracos na emoção, chorando sem motivo como crianças carentes clamando pelas mamãezinhas.

Ah, mas ele sofreram para chegar aí. Sofreram? Sofrimento virou qualidade? Sofrimento virou troféu? porque não lutou para impedir o sofrimento? Porque não brigou com verdadeira garra, peitando técnicos e patrocinadores com a mesma dureza que demonstram durante as competições. Abaixaram a cabeça para patrocinadores e técnicos para depois dizerem que "sofreram" e usar isso como troféu e cair em lágrimas? 

Nada disso. Cortem o mal pela raiz e sejam duros também com os que estão acima. Chega de sermos explorados por quem está acima de nós. Sofrer não é natural. Se existe sofrimento, é porque algo está errado.

Por isso continuo achando que chorar no pódio é coisa de cara frouxo, de quem não sabe controlar as emoções. Sofro muito mais que qualquer atleta (que pelo menos tem o apoio de toda a sociedade, que pensa que esporte desenvolve o caráter, o que é uma ilusão), sem apoio de qualquer mortal e não fico chorando o tempo todo.

Esses fracotes de sentimento aprendam a comemorar suas vitórias sorrindo e parem de usar o sofrimento como troféu. É como falei: sofreu? É porque alguma coisa saiu errado. O sofrimento é um erro, não deveria fazer parte da vida de ninguém.

Eu fui duro? Fui. Porque a vida só é dura para quem é mole.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Globo não perde oportunidade de colocar futebol em outros assuntos

A mídia sempre estimulou o fanatismo futebolístico. tanto é que, para ela, não existe um só brasileiro que prefira ficar alheio ao futebol, chegando a difundir a falsa ideia de que torcedor e brasileiro são sinônimos.

E para reforçar o fanatismo, sempre é bom arrumar um jeito de enfiar o futebol até mesmo quando o foco central não é o fanatizado esporte.

Nos dois casos que aparecem na figura, nota-se um claro forçamento de barra para colocar o citado esporte como se fosse um referencial sério.

O primeiro fala sobre o assassinato de um empresário (vai com o demo!) durante uma blitz policial. O G1, canal de notícias da Globo, fez uma nota enfatizando - como se isso fosse de grave importância - que o tal empresário queria assistir ao jogo do Corinthians (segundo as más línguas, a menina dos olhos dos Marinhos). Precisava lançar uma notícia sobre isso?

Outra, falando sobre a trilha sonora da novela das 21 horas, Avenida Brasil, que tem futebol como trama secundária, mostrou um depoimento do sambista Arlindo Cruz pedindo que haja mais futebol na novela. Arlindo, futebol em novela? Não está satisfeito com a maçante e insistente dedicação que a emissora dá ao esporte? Quer mais? Avenida Brasil é uma novela, não uma edição extra do Globo Esporte (Globo Futebol, para os íntimos)! O autor da novela faz o que quiser com a trama. Se ele quiser tirar o futebol da novela, até pode! Direito dele.

Vai demorar muito para que o futebol deixe de ser uma obrigação em nossa tão alucinada população. Somos um país bem jovem, com pouco mais de 500 anos, o que significa que a nossa sociedade ainda está bem longe de atingir o fim de sua tenra - e interminável - infância.

domingo, 22 de julho de 2012

Futebol, obrigação social

Para quem não curte futebol no Brasil, a vida social é um tanto sinuosa. Futebol, para a maioria das pessoas em nosso país, não é apenas uma forma de lazer. É uma forma de socialização, encarada com uma certa obrigatoriedade. Não curtir futebol é entendido como antipatia e falta de amor ao próximo.

Por isso mesmo uma grande quantidade de pessoas se apressa e escolher um time "do coração" (entre os times mais bem sucedidos de sua cidade), pois essa já é a primeira exigência social para quem quer se sentir "incluído" na sociedade. Não ter um time, é o mesmo que não ter um RG ou CPF.

Na Constituição Federal, não há uma lei que obrigue alguém a gostar de futebol. Pelo contrário. A lei garante o direito de não gostar, já que...


TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art 5, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Mas, mesmo assim, a tradicional mania do povo brasileiro de achar que leis dão a sensação de "organização", trataram de transformar as regras sociais em leis rígidas, mesmo não escritas em uma Constituição ou coisa parecida. Muitas regras sociais são cobradas de forma bem rigorosa, como se fizesse parte da Constituição Federal. A consagração da regra e sua rigidez faz com que muita gente, que ainda não leu inteiramente a Constituição pense que esteja escrito nela, tamanha é a sua força.

Essa rigidez faz com que a sociedade quase como um todo a obedeça, aderindo sem pestanejar ao futebol. Até mesmo mulheres descobriram a força dessa lei social e aderiram em massa, pelo menos durante os campeonatos mundiais conhecidos coimo "copas do mundo". Mas cotidianamente já é maior o número de mulheres que resolvem aderir ao futebol. Só isso serve como exemplo da força do futebol como compromisso social.

Numa sociedade como a brasileira, que gosta de modismos, que faz com que muitos imitem a maioria com a ilusão de serem incluídas por causa disso, a adesão ao futebol só poderia ter mesmo essa força, hipnotizando as massas como nenhuma outra atividade, principalmente as mais sérias conseguem fazer.

O preconceito aos que não curtem

A sociedade começa a evoluir em alguns aspectos, difundindo o respeito à diversidade e à certas minorias. Mas isso ainda não acontece quando o assunto é futebol. Em muitos casos, tenta-se criar uma associação entre futebol e essas minorias, como se até estas fossem obrigadas a curtir o futebol para serem respeitadas.

Mas quem se assume alheio ao futebol, é desrespeitado, desprezado e tratado como alguém capaz de prejudicar os outros. Estes, não são sequer mencionados pela grande mídia (sobretudo pela Rede Globo, que difunde a absurda ideia que diz que viver no Brasil e ser torcedor de futebol são sinônimos). Uma verdadeira ofensa que deveria ser apoiada pela lei de racismo, graças ao preconceito contra a "raça" dos não-torcedores de futebol.

Vai demorar muito para a sociedade aceitar que o futebol é mero lazer e não uma obrigação social ou cívica. A submissão da população pela grande mídia, sobretudo a televisão, a faz obediente ao que é difundido por ela. E a mídia ainda não deu sinais de que vai deixar de impor o futebol como obrigação. Futebol movimenta muito dinheiro e obrigar todos a gostar de futebol é obrigar todos a pagar por ele, mesmo que sejam os produtos que os patrocinadores anunciam durante os jogos. A mídia não quer abrir mão desse lucro fácil e garantido.

Cabe aos que não curtem encontrarem uma forma simpática de explicar aos que curtem sobre o direito de não gostar. Pode-se até usar o humor. Mas se isso não adiantar e o torcedor, chateado, achar que isso é uma heresia, pode se usar a lei que coloquei acima, justificando o direito de se divertir da forma que quiser, não tendo que seguir a imensa maioria.

Sempre acreditei que lazer é fonte de prazer. Até rimam. Se uma forma de lazer não dá prazer, para quê aderir? Para agradar aos outros? Para deixa de ser você mesmo?

domingo, 15 de julho de 2012

Nenhum homem é obrigado a gostar de futebol para afirmar a masculinidade

Hoje é comemorado o Dia Nacional do Homem. É a primeira vez que a mídia se refere a data, que já existe a algum tempo. Coincidentemente, caiu no domingo, tradicional dia de jogo de futebol. E como se sabe, futebol, para os brasileiros, não é forma de lazer e sim uma obrigação cívico/social. Por isso mesmo, é considerado obrigação, principalmente para os homens, gostar de futebol. Quem não curte é tratado com antipatia e em muitos casos, excluído do convívio social, o que é um exagero, mas infelizmente possível.

Mas não existe nenhuma lei que obrigue qualquer brasileiro a gostar de futebol, que na verdade é uma mera forma de diversão. E como tal, não pode ser imposta a ninguém. Problema se aquele que não curte não agrada a sociedade. Todos tem o direito de gostar e principalmente de não gostar de futebol. Eu não curto e pronto!

Gostar de futebol não me faz mais ou menos homem. Tem muitos homossexual que adora futebol. A quantidade de mulheres que adoram o esporte só aumenta. Assim como tem muito homem, macho mesmo, que não está nem aí para que caras como o Neymar fazem na vida, profissional ou não.

Nós, homens que não curtem o futebol, temos o direito de passar longe desse esporte que , mesmo com uma inacreditavelmente imensa popularidade - graças a influência midiática, é verdade - não passa de um mero passatempo, uma distração feita para quem não tem nada mais importante a fazer. pelo menos era essa a ideia que estava na mente de Charles Miller quando trouxe o dito cujo ao Brasil. A mídia é que construiu a imagem de "compromisso importante" dada ao futebol e que está arraigada em nossa sociedade, infelizmente.

Eu tenho o direito de não gostar de futebol, de não torcer para nenhum time - imagine, gostar mais de um time do que de seres humanos... - e de me divertir de outra forma durante os jogos de futebol. Um direito que deveria ser respeitado pelas autoridades que praticamente abandonam quem se assume alheio ao massante esporte de massa, principalmente em épocas de copa, quando nossa existência é praticamente ignorada por todos.

Eu tenho esse direito e vou lutar por ele. Não preciso de futebol para afirmar a minha masculinidade. Meu caráter e minha - dura - experiência de vida já fazem isso por mim.

Para os homens que adoram futebol, aproveitem o dia. Para os que não gostam, a luta continua, companheiros! Vamos em frente, sem submeter ao que mídia e sociedade ordenam! O futuro é para homens como nós!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Eike Batista investe em Neymar para fortalecer Capitalismo

OBS: Para o capitalismo, investir em esporte, principalmente o futebol é um lucro por si só. Além de legitimar e romantizar a competitividade (esportes são competitivos, como o mercado de trabalho também), tirando o "lado ruim" de ter que "passar a perna nos outros", esporte aliena, desviando a atenção da população, que esquece a realidade e coloca o esporte como a sua compensação maior por não vencer na vida de modo natural e justo. Como se a vitória de um time ou atleta pudesse substituir a vitória que nunca chega para o cidadão.

Empresários não medem esforços nem dinheiro quando o assunto é esporte, pois este, assim como a religião, são ótimos parceiros no processo de alienação da população, imbolizando a sociedade e impedindo o surgimento de subversivos que lutem pela justa distribuição de renda.

Além do mais, se referindo a Neymar, tem que se aproveitar a onda e elevar o "arroz de festa" ao posto de super-herói máximo de uma nação que nunca teve em toda a sua história, sequer um herói de verdade.

Afinal, brasileiro, povo crédulo, passivo e submisso, só consegue ser feliz através de ilusões.

PS: Um recadinho aos esquerdistas que adoram futebol e não param de falar dos mesmos em seus blogues: Eu te disse, eu te disse! Futebol é de direita, é capitalista, viram?

IMX, de Eike Batista, fecha contrato com o jogador Neymar

Do G1, com informações do Valor Oline

O atacante do Santos, Neymar, assinou contrato com a IMX de Eike Batista. A agência de gestão esportiva vai trabalhar na gestão da carreira e no gerenciamento da imagem do atleta.

A joint-venture de esportes e entretenimento entre o Grupo EBX e a IMG Worlwide, vai atuar através de seu braço de gestão de talentos IMX Talent.
Neymar terá assessoria de empresa de Eike Batista (Foto: Reprodução) (Foto: Divulgação /AGIF)Neymar terá assessoria de empresa de Eike Batista (Foto: Reprodução) (Foto: Divulgação /AGIF)

Com o contrato, cujo valor não foi divulgado, a IMX será a segunda agência a trabalhar na captação de patrocínios para o jogador, que já tem contrato com a 9ine do ex-jogador Ronaldo Nazário.

Atualmente, Neymar é patrocinado por Nike, Panasonic, Ambev, Claro e Santander, entre outras.

A IMX afirmou em nota que o contrato prevê a possibilidade de negócios internacionais, que seriam gerenciados pela IMG Worldwide.

“Temos orgulho em apoiar ídolos como Neymar Jr! Com a IMX Talent vamos desenvolver a carreira de alguns dos maiores ícones do esporte no Brasil e descobrir novos talentos”, afirmou, em nota, Eike Batista, presidente do Grupo EBX. “Estou muito feliz por ter ao meu lado uma empresa brasileira com bases no mundo inteiro e que me ajudará muito na minha carreira", afirmou o jogador no comunicado.

Neymar é o primeiro jogador de futebol a assinar com a IMX Talent que já tem os nomes de Maureen Maggi, e os irmãos Torben e Lars Grael.

Em meados de junho, a IMX anunciou sua entrada na área de gestão de carreiras como mais um passo para se consolidar no mercado brasileiro de marketing esportivo. De acordo com o CEO da IMX, Alan Adler, o objetivo da IMX Talent é deter 20% do setor no Brasil. Para isso, a empresa espera contar com 30 atletas de ponta em seu portfólio.

domingo, 8 de julho de 2012

Um jogo de futebol narrado por quem não curte futebol

Bom, hoje é domingo de tarde. Que chato! Tudo fechado, ninguém nas ruas. O jeito é aguentar a tosca programação televisiva feita para quem tem menos de 1% do intelecto que um ser humano deveria ter. Vou ligar, apesar de não ter nada que eu goste. Nada há mais a fazer além disso. Liguei!

Ah, o futebol. Sempre ele. Se os seres humanos tivessem algo melhor para fazer, esse esporte nunca teria virado uma praga que chega a parar o país de quatro em quatro anos. Bom, que jogo será? Flamengo e Fluminense? Ouvi dizer que é para comemorar os 100 anos do primeiro jogo entre ambos. Vale ponto? Sei lá. O jogo já deverá começar, após o "Hino da CBF", que em um passado muito remoto era conhecido como "Hino Nacional Brasileiro". 

Os jogadores entram em campo, uns com camisas de uma cor outros de outra. Tudo com cara e jeitão de pobre, apesar do gigantesco salário que recebem de patrocinadores dos times. Parecem entediados com o hino. Bom agora um cara vestido de preto chama dois jogadores, curiosamente com uma faixa preta em cada braço (feridas?) e tira uma mode para o alto. Quando a moeda cai, os envolvidos trocam de olhares e um deles chuta a bola. Parece que é o início do jogo.

A câmera da TV se distancia e os jogadores se reduzem a bonequinhos na imensa tela verde, correndo pra lá e pra cá atrás de uma bola. Não dá para reconhecer os jogadores, a não ser pelos topetes escandalosos, que lembram penas de aves, que viraram praga nas periferias. A correria não para. Pra lá, pra cá, sempre correndo atrás da bola, que é tratada como se fosse um objeto de desejo. 

Em um instante, a tensão aumenta. O locutor muda o tom da voz. Parece que um dos times está naquilo que parece ser a parte da tela verde que pertence ao suposto adversário. De repente a bola entra em uma espécie de rede colada em um arco e ao sacudir, uma multidão ensandecida começa a berrar uma palavra de três letras que não quer dizer nada. Berram histericamente. Ouço berros iguais na vizinhança. Fogos estouram e o locutor demonstra euforia.

Após o clímax que mais parece orgasmo de relação sexual, a correria continua. Os topetudos continuam a correr, um tentando tirar a bola de outro topetudo. É assim durante vários minutos até que outra vez uma rede é agitada pela bola e a histeria da multidão retorna, com locutor agitado e muita barulheira. É assim durante 45 minutos no total e depois para. 

Após 15 minutos de inútil blá blá blá, o jogo volta. Mais correria, mais histeria ao agitar das redes e vai-se assim até o fim. Em vários momentos, durante a partida, quando algum dos topetudos apronta alguma, o cara de preto levanta a mão segurando uma espécie de papel, ás vezes amarelo, outras vermelho. Quando acontece de levantar o vermelho, um topetudo sai de cara amarrada e o jogo continua após isso.

Há de acontecer que algum topetudo caia e aí dois caras segurando uma maca, espécie de cama em forma de tábua, corre para pegar o jogador, que sai gemendo sem parar se contorcendo em cima da tal tábua. Após a saída, outro topetudo fica pulando no canto da tela verde e depois entra no jogo, que continua com os mesmos rituais.

Cerca de 45 minutos após a volta após o modorrento intervalo, o cara de preto levanta o braço e a histeria se torna ainda maior. Como é um jogo especial, haverá homenagens. Tanto o vencedor quanto o perdedor participarão da festa, já que ambos serão homenageados.

Mas isso é outra história. Se eu já não queria ver o jogo, que era o mais importante, que dirá estas homenagens pelos 100 anos... 100 anos de quê mesmo?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quando o futebol prejudica a sociedade

Futebol é apenas lazer. Mas o fanatismo associado a ele, imposto pela mídia e pela sociedade brasileira fazem o esporte gerar alguns prejuízos em algumas situações. vamos listar aqui exemplos de como o futebol nem sempre pode ser visto como algo salutar.

ALIENAÇÃO -  Já é clássica a ideia de que o futebol é a maior fonte de alienação em nossa sociedade. Mas não é bem o futebol que aliena, na verdade e sim a seriedade como o mesmo é encarado. Para os brasileiros, o futebol não é apenas uma forma de diversão e sim uma obrigação cívico/social no qual a adesão nunca pode ser negada. A coisa é tão levada a sério que chega a parar o país em épocas de copa, com o aval de autoridades inclusive. É aí que a alienação toma forma, colocando o futebol num contexto muito acima de onde deveria estar, estimulando o fanatismo e a adesão obrigatória de quem normalmente prefere ficar alheio ao esporte, além de desviar o foco da sociedade ou de qualquer indivíduo para assuntos mais importantes e realmente sérios. Ah! Há quem pense que o futebol é motivo de prosperidade em nosso país. prosperidade que nunca chega, mas que todos acreditam um dia chegar.

CONSUMISMO - Os donos de clubes são tão gananciosos quanto qualquer empresário. Por isso, fazem de tudo para estimular o consumo irresponsável de produtos relacionados aos times ou à "seleção". Aliás, não só os relacionados. Patrocinadores que se envolvem com futebol, como indústrias de cerveja também induzem os torcedores a não medir gastos com seus produtos, garantindo assim o lucro de quem investe em futebol, recebendo muito mais do que investiu.

BARULHO - Quem gosta de futebol normalmente não gosta de sossego. Sossego para estes, é sinônimo de tédio, de tristeza. Por isso, quanto mais barulho, melhor. Há quem defenda a tese de que o brasileiro não gosta de futebol, gosta mesmo é de berrar. E esta modalidade esportiva lhe dá a oportunidade de fazer muito barulho sem que isso pareça uma gafe. Mas quem sonha com finais de semanas tranquilos e um belo sono nas noites de quarta (véspera de dia útil, convém lembrar), é obrigado a aguentar a algazarra que não pediu para acontecer.

EXCLUSÃO SOCIAL - Como eu disse, futebol no Brasil é considerado uma obrigação cívico e social. Evidências mostram que grande parte da população adere ao esporte pelo medo da solidão. Ter um time no "coração" é tão importante quanto o número de RG na identidade. Quem se assume alheio ao futebol ou no mínimo não disser por que time torce, é tratado com antipatia e muitas vezes excluído das rodas de amigos, que com certeza irão preferir o "dever social" de assistir a um jogo que a companhia de um cara gente boa, mas que não curte futebol. Por isso a adesão ao esporte é cada vez maior. Ninguém quer viver coimo ermitão, principalmente em épocas de copa, onde quase toda a sociedade fica hipnotizada pelo futebol.

VIOLÊNCIA - O fanatismo pelo futebol pode ir a extremos, ainda mais num país onde o futebol é tido como obrigação e motivo de orgulho. Os hooligans, figurinha que se tornou folclórica no futebol britânico, já tem a sua versão brazuca. Autoridades há muito tempo vem tentando frear os atos de torcidas organizadas, muitas vezes sem sucesso. Para muitos a defesa das cores de sue time é tão forte que vale até a vida e o derramamento de sangue. Outra coisa: é pouco falado, mas há muitos casos de suicídio de torcedores em momentos de derrota, principalmente em copas do mundo. A mídia evita falar desses casos pois quer dar a impressão de que quem gosta de futebol é "normal" e "louco" é quem não curte. Mas quando não dá para esconder a violência no futebol, o jeito é falar mesmo, para que não prejudique um número ainda maior de pessoas.

DESVALORIZAÇÃO AO INTELECTO, A EDUCAÇÃO E AO TRABALHO - A maioria esmagadora dos jogadores de futebol possuem baixíssima escolaridade. Mesmo assim, são idolatrados como se fossem líderes da sociedade, com bastante influência. Isso desestimula a valorização do estudo e do intelecto, pois quando um ignorante se torna influente, a sociedade o obedece e o nível intelectual da sociedade toda vai se atrofiando, graças as ideias dos "sem ideias" que se tornam leis. Além disso, o fato da prática do futebol ser uma atividade que a maioria dos brasileiros tem como lazer, pode servir de desestímulo para o trabalho que exige esforço. Graças a isso, muitos jovens preferem sonhar em ser jogadores de futebol do que seguir carreiras que possam ajudar a desenvolver o potencial de seus intelectos.

CONVIVÊNCIA DIFÍCIL ENTRE TORCEDORES E NÃO TORCEDORES - Por ser considerado uma obrigação social, o futebol pode gerar certos embaraços entre amigos e casais. O fato de algum integrante de grupo ou casal não gostar do esporte incomoda a outra que cresceu acreditando que o futebol deveria ser uma unanimidade, pelo seu caráter de dever cívico/social. Por não entender a não-adesão, aquele que curte pode enxergar naquele que não curte uma pessoa antipática, às vezes uma pessoa nociva, que pode atrapalhar a curtição. isso se não tentar forçar o não-torcedor a aderir, gerando irritação neste, acostumado com a rejeição social que sofre por não seguir a tal "obrigação". Lição: é mais fácil o convívio entre torcedores de times adversários do que entre torcedores e não-torcedores.

DESVIO DE GASTOS - Investir em futebol é muito bom para as autoridades. Elas, mais do que qualquer um, sabem que o futebol é excelente mordaça social e todo gasto envolvendo o esporte é válido, para que a população permaneça inerte e iludida, pensando que atingiu a prosperidade. Os gastos com a copa têm demonstrado o interesse das autoridades em priorizarem o futebol, com grande parte da população pensando que está sendo beneficiada com isso.

SERVIÇOS ESSENCIAIS EM SEGUNDO PLANO - Como o futebol não é encarado como uma diversão e sim como uma obrigação cívica, para muitos é natural colocar a mobilidade esportiva em primeiro lugar. Mas tem gente que leva isso ao extremo. Na penúltima copa, um médico plantonista de hospital deixou de atender doentes graves porque estava na hora de jogo e para ele era mais importante assistir. Aliás, em épocas de copa, feriados são decretados e serviços fechados. Não há sequer opções de lazer para quem não curte futebol (até porque quem não curte, no ponto de vista das autoridades, merece o desprezo, por não ter "cumprido" a "obrigação cívica").

DOENÇAS E MORTE - O  fanatismo pelo futebol pode fazer mal a saúde. O estresse gerado pela ansiedade e pelo excesso de empolgação pode fazer mal ao coração e aos nervos, levando inclusive a morte em alguns casos (realmente há exemplos reais disso). Além disso, a morte, se não vier de problemas físicos, pode vir de suicídio (como mencionei antes), resultantes do estresse psicológico,  diante de resultados que não correspondam a expectativa.

É gente, nem sempre o futebol é só alegria. Muitas vezes ele prejudica, e muito.
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