domingo, 8 de julho de 2012

Um jogo de futebol narrado por quem não curte futebol

Bom, hoje é domingo de tarde. Que chato! Tudo fechado, ninguém nas ruas. O jeito é aguentar a tosca programação televisiva feita para quem tem menos de 1% do intelecto que um ser humano deveria ter. Vou ligar, apesar de não ter nada que eu goste. Nada há mais a fazer além disso. Liguei!

Ah, o futebol. Sempre ele. Se os seres humanos tivessem algo melhor para fazer, esse esporte nunca teria virado uma praga que chega a parar o país de quatro em quatro anos. Bom, que jogo será? Flamengo e Fluminense? Ouvi dizer que é para comemorar os 100 anos do primeiro jogo entre ambos. Vale ponto? Sei lá. O jogo já deverá começar, após o "Hino da CBF", que em um passado muito remoto era conhecido como "Hino Nacional Brasileiro". 

Os jogadores entram em campo, uns com camisas de uma cor outros de outra. Tudo com cara e jeitão de pobre, apesar do gigantesco salário que recebem de patrocinadores dos times. Parecem entediados com o hino. Bom agora um cara vestido de preto chama dois jogadores, curiosamente com uma faixa preta em cada braço (feridas?) e tira uma mode para o alto. Quando a moeda cai, os envolvidos trocam de olhares e um deles chuta a bola. Parece que é o início do jogo.

A câmera da TV se distancia e os jogadores se reduzem a bonequinhos na imensa tela verde, correndo pra lá e pra cá atrás de uma bola. Não dá para reconhecer os jogadores, a não ser pelos topetes escandalosos, que lembram penas de aves, que viraram praga nas periferias. A correria não para. Pra lá, pra cá, sempre correndo atrás da bola, que é tratada como se fosse um objeto de desejo. 

Em um instante, a tensão aumenta. O locutor muda o tom da voz. Parece que um dos times está naquilo que parece ser a parte da tela verde que pertence ao suposto adversário. De repente a bola entra em uma espécie de rede colada em um arco e ao sacudir, uma multidão ensandecida começa a berrar uma palavra de três letras que não quer dizer nada. Berram histericamente. Ouço berros iguais na vizinhança. Fogos estouram e o locutor demonstra euforia.

Após o clímax que mais parece orgasmo de relação sexual, a correria continua. Os topetudos continuam a correr, um tentando tirar a bola de outro topetudo. É assim durante vários minutos até que outra vez uma rede é agitada pela bola e a histeria da multidão retorna, com locutor agitado e muita barulheira. É assim durante 45 minutos no total e depois para. 

Após 15 minutos de inútil blá blá blá, o jogo volta. Mais correria, mais histeria ao agitar das redes e vai-se assim até o fim. Em vários momentos, durante a partida, quando algum dos topetudos apronta alguma, o cara de preto levanta a mão segurando uma espécie de papel, ás vezes amarelo, outras vermelho. Quando acontece de levantar o vermelho, um topetudo sai de cara amarrada e o jogo continua após isso.

Há de acontecer que algum topetudo caia e aí dois caras segurando uma maca, espécie de cama em forma de tábua, corre para pegar o jogador, que sai gemendo sem parar se contorcendo em cima da tal tábua. Após a saída, outro topetudo fica pulando no canto da tela verde e depois entra no jogo, que continua com os mesmos rituais.

Cerca de 45 minutos após a volta após o modorrento intervalo, o cara de preto levanta o braço e a histeria se torna ainda maior. Como é um jogo especial, haverá homenagens. Tanto o vencedor quanto o perdedor participarão da festa, já que ambos serão homenageados.

Mas isso é outra história. Se eu já não queria ver o jogo, que era o mais importante, que dirá estas homenagens pelos 100 anos... 100 anos de quê mesmo?

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