terça-feira, 29 de junho de 2010

Quem não gosta do Mundial de futebol procura afazeres bastante alternativos durante os jogos

COMENTÁRIO DESTE BLOG: Tinha que ser jornal de faculdade. As universidades são ainda um oasis de inteligência em nosso país. Se contarmos com a mídia oficial, estamos perdidos.

Eles odeiam a Copa - e fazem de tudo para driblá-la

Reportagem Olívia Baldissera - Edição Marcela Varasquim - OLÍVIA BALDISSERA
Jornal de Comunicação - UFPR - Publicada em 22/06/10 às 20h50

Que o Brasil é o país do futebol, todo mundo sabe. Cinco vezes campeão da Copa do Mundo, já chegou em 7 finais e ainda tem o jogador Ronaldo - que marcou ao todo 15 gols nas 4 copas em que participou - como o maior artilheiro de todos os tempos. Mesmo assim, há brasileiro que desliga a TV no momento em que a seleção campeã de vitórias está jogando. O que eles fazem? Cada um tem uma resposta bastante peculiar.

O publicitário carioca Bruno Figueiredo nunca gostou muito do Mundial e sempre sofreu para encontrar o que fazer durante os jogos. Ele reclama que os cinemas não abrem, que a programação da televisão apenas trata sobre os jogos e que até as empresas não funcionam. Por isso, em dia de jogo ele ouve música alta, lê um livro ou navega pela Internet. Bruno conta que se sente deslocado em época de Copa: “Sempre sou criticado por não gostar e por não comentar os jogos no dia seguinte. Por ser algo tão universal, as pessoas não entendem muito quem não gosta”.

Quem tem mais opções de distração do que Bruno durante a Copa é a jornalista Milana Bernartt, que tem amigos que também não gostam do Mundial e a acompanham nos dias em que a Seleção Brasileira entra em campo. Às vezes ela assiste aos jogos devido às festas que os sucedem, mas geralmente ela sai com os amigos para tomar um café ou passear em um parque. Para Milana, dia de jogo é como um feriado, e ela aproveita para relaxar. “Se eu não gosto de futebol quando há o Campeonato Brasileiro, seria esquisito se eu gostasse de futebol só na Copa do Mundo”, pondera a jornalista.

Mas há quem seja ainda mais radical. A estudante de Psicologia Kharina Guides não assiste aos jogos de jeito algum - e nem sente falta. Quando há partidas do Brasil na Copa, ela tenta fazer o que faria normalmente: estuda, ouve as músicas que quer ouvir, sai quando tem vontade. Kharina, que também não gosta de futebol, acha ridículo o país parar devido a um jogo e critica o grande investimento feito em uma Copa do Mundo. “Enquanto jogadores de futebol receberem absurdamente mais que professores, eu vou ver o futebol com maus olhos”, argumenta.

Freud explica

Na abertura oficial da Copa do Mundo 2010, estiveram reunidas no estádio Orlando, em Johannesburgo, 36 mil pessoas. A partida que estreou a Copa, entre a África do Sul e o México, também contou com um grande número de torcedores que acompanharam o embate. Segundo a FIFA, 10.146.793 telespectadores assistiram ao jogo, um número recorde de audiência esportiva na África do Sul.

A psicóloga Roberta Karam cita Freud ao falar sobre o que leva multidões a adorarem a Copa do Mundo. Ela afirma que o ser humano tem uma tendência a se identificar com o que os demais se identificam, principalmente se isso for considerado bom ou envolver poder e sedução. “O ser humano não é um ser sozinho, ele precisa se sentir parte de um grupo ou de uma ideia”, explica. Como boa parte dos brasileiros ama o Mundial e torce pela Seleção Brasileira, isso cativa outros a fazerem o mesmo.

E quem não gosta do Mundial se comporta da mesma maneira, ao tentar fazer parte do grupo dos que repudiam a Copa. Kharina e Bruno fazem parte desse grupo, e compartilham opiniões parecidas: ambos acreditam que a Copa é uma alienação dos brasileiros em relação aos problemas pelos quais o país sofre, como a desigualdade social e o fraco investimento em Educação.

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