segunda-feira, 7 de junho de 2010

"O Brasil deve fugir da Copa" - diz ecomomista americano

COMENTÁRIO DESTE BLOG: Enfim uma mente sensata. Não sei porque as autoridades só conseguem acreditar no lado teórico de investimentos desse tipo, se esquecendo do lado prático. "A Olimpíada não pode servir de desculpa para melhorar uma cidade", disse sabiamente o economista. Quero ver no que o Brasil vai se transformar depois que acabar copa e olimpíada.

Esta estrevista foi feita antes da escolha da copa de 2014, na qual o Brasil infelizmente foi o escolhido. Portanto, como o economista alertou, teremos uma gigantesca bomba explodindo em nossas caras.

Economista americano defende que sediar grandes eventos esportivos, como o mundial de futebol, é sinônimo de prejuízo e rombo nas contas públicas

Revista EXAME - Por Gustavo Poloni | 11.10.2006

Além dos Jogos Pan-Americanos, que serão realizados em 2007 no Rio de Janeiro, o Brasil é franco-favorito para sediar a Copa do Mundo de 2014. Um ótimo negócio para o país, certo? Nem tanto. Para Allen R. Sanderson, economista da Universidade de Chicago, esses eventos são sinônimo de prejuízo.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que o Brasil deve realizar a Copa de 2014. Vai ser um mau negócio?
Sim, é melhor esquecer a Copa, fugir desse negócio. Em 2002, o Mundial foi dividido entre Coréia do Sul e Japão. Esses países acharam que iam ganhar muito dinheiro, mas ficaram com prejuízo no final e um monte de estádios que raramente são usados.

Esse exemplo não é uma exceção? A Alemanha anunciou lucro de 170 milhões de dólares com o Mundial de 2006.
Boa parte desse dinheiro foi apenas transferência de valores de um setor para outro da economia alemã. É o caso do cidadão da Baviera que, em vez de ir ao cinema ou a um restaurante, comprou ingressos para uma partida. A conta justa seria comparar o total de dinheiro que entrou no país, via turistas estrangeiros, com o que foi gasto na organização. Desconfio que essa conta não fecha.

No Brasil, a Copa pode gerar a construção de estádios, além de uma onda de investimentos na área de infra-estrutura. Não são bons argumentos para defender a realização do evento?
Nos Estados Unidos, muitas cidades têm estádios de última geração. E eles são usados apenas 100 horas por ano. No resto do tempo ficam fechados. Já um shopping, por exemplo, fica aberto até 3 000 horas por ano. É um tipo de empreendimento que traz muito mais benefícios para uma cidade.

Mas a cidade de Barcelona, na Espanha, não se beneficiou muito com a Olimpíada de 1992?
É inegável que o evento deu muito reconhecimento à cidade. Mas será que Barcelona poderia ter feito uma coisa melhor pelo mesmo valor gasto com os Jogos? Certamente, sim. A Olimpíada não pode servir de desculpa para melhorar uma cidade.

Por que o senhor diz que esse tipo de evento, em geral, produz prejuízo e rombo nos cofres públicos?
Um dos critérios que fazem uma cidade ganhar a disputa para receber a Olimpíada é a quantidade de dinheiro que vai gastar com os Jogos. Chamo isso de "maldição do ganhador", pois é muito difícil recuperar esse dinheiro depois.

Se é um negócio tão ruim, por que as cidades ainda brigam para sediar os Jogos Olímpicos?
Muita gente nos Estados Unidos tem cachorros, barcos ou os dois, embora não exista a menor possibilidade de fazer dinheiro com isso. Muito pelo contrário. Com uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada, é quase a mesma coisa. Se o governo tiver consciência de que esses eventos são uma grande festa e que talvez resultem em algum benefício financeiro em forma de turistas a médio prazo, tudo bem.

O senhor disse que a China já investiu 38 bilhões de dólares nas obras da Olimpíada de 2008. É um dinheiro jogado fora?
Pequim é um caso especial. Não acredito que eles vão recuperar esse valor. Mas os Jogos serão uma espécie de cartão de visita para a China e darão à cidade reconhecimento global.

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