OBS: Creio que a maioria respondeu a essa enquete mentindo, para poder parecer "bonito", posando de "sábio". Sabem que se respondessem a verdade, levariam muitas críticas. Parecer inteligente sempre rende elogios, mas se tornar de fato inteligente exige esforço e é "muito chato" para a maioria dos brasileiros.
A copa do ano passado mostrou que o futebol ainda inspira muito fanatismo de uma enorme fatia da população. Mesmo que esteja aumentando o número de pessoas que não se interessem por essa hipnose coletiva, ainda é assustador o número de pessoas que sentem prazer em pagar mico vestindo camiseta amarela, tratando os jogadores como heróis e achando que a simples vitória de 11 amarelado vai mudar sua vida. As pessoas ainda são capazes de adiar tudo por causa de um mero joguinho de futebol, o que não acontece com os eventos científicos.
Ainda é um sonho ver os brasileiros se interessando mais por ciência do que por futebol. O dia em que os brasileros canalizarem o fanatismo que tem em relação ao hipnotizante esporte para a ciência, desprezando o primeiro, estaremos no paraíso.
Menos futebol, mais ciência?
Escrito por Sabine Righetti às 14h46 - 10/01/2011
Uma enquete realizada pelo MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) levantou um dado curioso: os brasileiros dizem gostar mais de ciência e tecnologia do que de esportes (vejam matéria minha sobre o tema aqui).
A pesquisa foi feita em todo ao país, com diferentes classes econômicas, faixas etárias, sexo e outras variáveis. Do total de 2.016 respondentes, 65% disseram que se interessam ou se interessam muito por “ciência e tecnologia” (bem mais do que os 41% da mesmo pesquisa realizada em 2006), enquanto 62% tiveram a mesma resposta para o tema “esportes”.
Isso é possível no país do futebol?
Sim. Explico: ciência e tecnologia são temas que agradam muita gente, mesmo que boa parte das pessoas não entenda do tema.
A pesquisa do MCT viu, por exemplo, que só 12% das pessoas conseguem dizer o nome de um cientista ou 18% dizem o nome de uma instituição de pesquisa (como uma universidade). Esse número certamente seria muito diferente caso a pergunta fosse sobre o nome de um time ou de um jogador de futebol. Ou seja: as pessoas não conhecem a ciência brasileira, como conhecem esportes. Mas gostam dela.
Alguns especialistas dizem que, nesse tipo de pesquisa, muita gente quer agradar o entrevistador e, por isso, acaba respondendo mais o que soa “bonito” do que o que a pessoa realmente pensa. Exemplo disso é Bogotá, a capital iberoamericana com maior índice de interesse revelado em ciência e tecnologia. Lá, 89% dos respondentes revelaram se interessar ou se interessar muito pelo tema.
Outra hipótese é que o tema “ciência” seja simpático às pessoas. Mesmo sem entender, mesmo sem ir a museus de ciência (talvez porque não tenha nenhum por perto), as pessoas gostam de saber sobre ciência. E prestam atenção quando o tema aparece na mídia – especialmente na TV.
Já o tema “esportes”, que é definitivamente uma paixão nacional, pode não ter um interesse tão generalizado. Isso porque as pessoas mais velhas e também mulheres se dizem menos interessadas pelo assunto. E aí a porcentagem geral cai.
Mas, independente da discussão de quem ganha na briga esportes X ciência, a pesquisa do MCT levantou outro dado bacana: 46% das pessoas se dizem satisfeitas com o conteúdo de ciência veiculado nos jornais. E de quem está insatisfeito, 74% reclama que existe pouca ciência na imprensa.
Se esse estudo for um termômetro real da nova sociedade brasileira – com mais com acesso à educação e a condições melhores de vida – talvez esse seja um sinal de que a ciência ainda deve ganhar mais espaço no Brasil nos próximos anos. E isso será lindo.
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