terça-feira, 29 de março de 2011

Fanatismo no futebol: desde quando?

O secular fanatismo futebolístico que contamina a maioria da população em nosso país pode até fazer-nos presumir a data de seu fim: com a evolução intelectual da população, pois pessoas realmente inteligentes não colocam futilidades acima de coisas sérias. Mas e o começo?

Não dá ainda para saber exatamente sobre as origens do fanatismo futebolístico em nosso país. Como o fanatismo no futebol é tratado como algo normal, não representando "excesso" para quem defende, é um tipo de informação que não encontraremos em nenhuma historiografia do esporte.

As análises sobre as origens devem levar em conta o comportamento da população diante do futebol. Baseando-se nisso, acredita-se que o começo do fanatismo tenha sido já em 1950, com a exegeradíssima manchete que classificou a derrota da "seleção" brasileira em sua sede como "tragédia". Usar uma palavra dessas para uma mera derrotinha em um campeonato, mesmo que seja "em casa", é um exagero descomunal e infantil. Considero este o marco do fanatismo, até segunda ordem.

Claro que o fanatismo ganhou novos contornos com a vitória na copa do México em 1970, servindo até de propaganda ao Regime Militar, ainda mais na gestão do pior deles, Emílio Garrastazu Médici, que se apressou a incluir a vitória futebolística aos ingredientes do "milagre brasileiro", que iria se espatifar pouco depois após a crise mundial do petróleo.

As vitórias - roubadas, diga-se de passagem - de 1994 e 2002 ajudaram ainda mais a aumentar o fanatismo futebolístico, obrigando gente de todos os tipos, inclusive mulheres e crianças a aderirem maciçamente a um mero esporte, que não significa nada além de uma mera diversão e que o fanatismo transformou em "dever cívico-social", a ponto de obrigar todo mundo a escrever o seu time na carteira de identidade.

Estamos entrando em uma nova fase da humanidade e quem não se evoluir vai ter que ir embora - morrer?. E como vivemos em uma democracia, com a mudança de valores, cada vez mais vai se exigir maior liberdade no lazer, fazendo com que o futebol deixe de ser uma obrigação e passe a ser visto como uma mera diversãozinha que não dura mais que 2 horas.

As vitorias no futebol não trouxeram e não vão trazer nada de concreto para o país e saber disso é um sinal de maturidade e de liberação das amarras do fanatismo. Futebol é apenas um esporte, como tantos outros e não merece ser confundido com sentimentos nobres e nem substituir as alegrias que boa parte da população não consegue ter.

Vou continuar pesquisando sobre as origens do fanatismo. Qualquer novidade, será postada aqui neste blog.

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