quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O futebol como obrigação social

No Brasil - e mais ainda no Rio de Janeiro - o futebol não é visto como mero lazer. Tem a sua importância bastante exagerada. Ganha status de dever, de algo que gera honra para aquele que segue. A supervalorização chega a tal ponto de transformar o futebol, uma mera forma de lazer, como integrante da etiqueta social. Não curtir o futebol é muito mal visto pelos que gostam.

A grande queixa daqueles que se acham no direito de não gostarem do esporte trazido por Charles Miller, é que quando assumem essa postura, notam que outras pessoas fazem cara feia, ficam incomodadas e num ato explícito de preconceito puro, chegam a tratar aquele que não gosta como "antipático", "doente", "anti-social" e até como uma ameaça à sociedade. No mínimo, o "anti-futebol" é tratado como um estranho.

O curioso é que se você chagar a essa pessoa e acusá-la de estar obrigando a gostar de futebol, ela vaio negar. Mas o incômodo que a mesma demonstra deixa claro que estava obrigando, sim, mesmo sem admitir.

A mídia e as regras sociais reforçam a crença de que é um dever do brasileiro ter algum time "no coração" e parar para torcer para o "Brasil" durante as copas. Isso é visto não como forma de diversão, mas como uma condição para que alguém mantenha-se sociabilizado e possa usufruir dos benefícios da vivência em grupo.

Por isso mesmo que muita gente que normalmente não curte futebol, sobretudo as mulheres (que com medo de ficarem sozinhas, vem aderindo em massa ao esporte bretão), passa a "curtir" em eventos importantes, para que não perca o direito de viver em sociedade. Algo que na minha opinião soa bastante hipócrita, pois significa abrir mão da personalidade para agradar aos outros, em troca de benefícios.

Eu prefiro ser eu mesmo, fazer aquilo que me dá prazer e não ligar para a opinião alheia. A Constituição Federal me garante a liberdade de não curtir futebol - que a mesma constituição nunca define como "dever" em um artigo sequer - e as pessoas que me obrigam a gostar são alienadas, preconceituosas e não sabem a diferença entre direitos e deveres.

Que o futebol seja apenas para os que apreciem de verdade.

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