segunda-feira, 1 de junho de 2009

Para preservar alienação não existe crise

Ontem eu fui para o manifesto contra o fim da Rádio Antena 1, para prestar solidariedade aos radialistas que iriam ser demitidos graças ao remanejamento de rádios que fará com que a jeca Nativa FM ocupe o espaço no dial da classuda Antena 1, rádio que eu era fã. Os radialistas e funcionários falaram qua a causa disso tudo é a crise mundial, resultante da ganância e da insensibilidade e egoísmo dos detentores do dinheiro e do poder. Verdade.

Mas ao ligar a TV hoje, soube que saiu a lista das capitais aprovadas para a funesta copa do Brasil de 2014 (nossa, gostaria de estar na Finlândia durante o evento). E pasme, a jecalópole onde eu hibernei durante 18 anos, Salvador, foi incluída, sem ter a infraestrutura necessária para o evento. Acham que o "jeitinho brasleiro" vai deixar Salvador "nos trinques" para o mega-alienador evento futebolístico em apenas 4 anos? Obviamente que não. E os alienados já foram comemorar, aos comandos da Maestra-chatona Sem Galo. Nada mais ridículo. E a ridicularidade não para por aí.

Vão ser gastos 400 milhões de sei lá o quê para reformar o estádio da Fonte Nova, que está um trapo. Era mais rápido, barato e sobretudo mais seguro demolir e construir outro, mas como lá é terra de gente burra e obras armengadas, optou-se por reformar. Os zilhares de semi-analfabetos que vivem naquela espelunca devem estar dizendo amém, mesmo sem ter o que comer na mesa. Não se preocupem, na falta de alimento, come-se a bola e os testiculos dos amados-idolatrados jogadores de futebol a estas alturas chamados de "heróis" Heróis? Heróis de quê? Que eu saiba, herói é aquele que salva vítimas ou faz algo em prol da melhoria de alguém. Herói, para mim, para citar um baiano, foi Milton Santos, geógrafo famoso no mundo inteiro e que questionava esse sistema injusto e alienante que assola por aí. Pena que ele morreu, sendo calada mais uma voz contra essa bagunça generalizada que o Brasil se tornou. Voltamos aos alienadores.

Este tópico não é sobre Salvador, mas citei a cidade por que ela está em pandarecos e é um ótimo exemplo de situação em que uma cidade com péssima qualidade de vida prefere gastar zilhões em um evento que não vai matar a fome de ninguém, só dos jogadores, equipe técnica e sobretudo dos cartolas, verdadeiros craques em favorecer falcatruas, como a que aprovou a capital tantã para uma das sedes da nefasta copa. Enquanto isso, o povo esfomeado se contenta (alegremente, pasmem!) em engolir a bola que a Rede Bobo chutou em direção a sua cara.

O Brasil todo vive essa alienação de futebol a ponto das mulheres, que não costumam gostar de futebol, passar a gostar em épocas de copa. Isso é muito estranho. O que tem de diferente uma copa com um campeonato internacional como a Libertadores, por exemplo?

Simples: regras de sociabilização definem a copa como um evento de "confraternização nacional". Trocando em miúdos, todo mundo é obrigado a gostar de futebol em época de copa para não se sentir sozinho. Gozado, li toda a Constituição Brasileira e não vi nenhum item a respeito. E como fica quem não gosta de futebol? Se mata? Pois ao invés do Carnaval, que acontece apenas em lugares determinados, a copa acontece na vizinhança, nas Tvs ligadas na Rede-Bobo de Televisão, com aquela voz chata da cheerleader oficial da CBF, Galvão Bueno. Ou seja, quem não gosta de futebol só consegue fugir da tal copa se for para um país sem tradição no futebol, como os EUA ou a Finlândia, o que é muito caro e difícil. Agora sei porque no Brasil não existe o culto às cheerleaders, pois não se tem necessidade delas. Galvão sozinho substitui todas as cheerleaders. Até quem diz que (ou finge) não gostar dele, não aguenta ficar sem assistir um jogo da "Seleção Amarelão" mesmo com a voz da "Cheerleader" chata.

É uma pena que em prol do instinto de sociabilização o povo de nosso país se escraviza a essa onda futebolística que ocorre de 4 em 4 anos pensando que está sendo patriota. Patriotismo seria o contrário. Mandar esses jogadores de merda para a P.Q.P., já que ganham milhões pra fazer uns golzinhos, sem ter sequer o primeiro grau cumprétcho, perdão, completo, num país de semi-analfabetos passando fome e cheios de dívidas, enquanto eu, com nível superior, mal estou fadado a ganhar salário mínimo com a minha formação (Letras), escolhida equivocadamente.

Patriotismo mesmo, seria ignorar o futebol nas épocas de copa, fazer a Rede Bobo perder audiência (e dinheiro, já que , como ninguém sabe, a emissora globalizante é acionista da CBF e os jogadores, contratados da emissora - o ignorante povo brazuca deve ter pensado até agora que a CBF é uma autarquia pública que pertence ao povo brasileiro e os jogadores, soldados da nação), fazer "cartolas" e indústrias de cerveja irem para a falência e os próprios semi-analfabetos jogadores de merda, ignorados pela população, iriam ficar isolados na Europa torrando o dinheiro ganho (in) justamente, fazendo aquilo que qualquer mortal faz só por lazer e chorando porque lá eles não podem ouvir as musiquinhas bregas daqui que eles tanto gostam. Isso si, seria uma lição de patriotismo.

Brasil realmente não é um país sério, como disse sabiamente o antigo presidente da Franca, Charles DeGaulle. E realmente é o país do Futuro: do "deixa pra depois".

Brasil, "pátria do espiritismo", deixa o terceiro milênio para a próxima. Não foi desta vez.

Publicado originalmente em 01/06/2009.

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