quarta-feira, 17 de julho de 2013

Quanto mais social a pessoa, maior é a sua adesão ao futebol

No Brasil, por ser considerado um "dever cívico", a adesão de adeptos se torna maciça. Como a transformação de uma forma de lazer em "obrigação" é sempre muito bem vinda ("nós, obrigados a nos divertir? Obaaa!!!), quase todos os brasileiros encaixotaram de virar "boleiros", acreditando naquela palhaçada de "200 milhões de técnicos". Isso transformou o futebol não somente em dever cívico como também em dever social (inclusive em regra de etiqueta em alguns lugares, como no Rio de Janeiro - não gostar de futebol é considerado ofensivo).

E porque dever social? Simples. Por ser um assunto que supostamente interessa a uma grande maioria, o futebol se transformou em elemento conciliador, ou seja, uma opinião fácil de ser convergida. Por acreditar que "todos" gostam de futebol, as pessoas consideram o futebol um assunto fácil de ser falado com pessoas desconhecidas.

Para alavancar ainda mais o caráter socializante do futebol, sabe-se muito bem que ele sempre termina em festa, com muita gente berrando feito alce e muitos fogos, danças, bebidas alcoólicas, exatamente como acontece em qualquer noitada. Resumindo: o futebol se tornou um esporte socializante por excelência.

Não é de se estranhar que pessoas com vida social mais intensa curtam futebol, enquanto entre os que não curtem, a grande maioria é de pessoas tímidas ou de vida social mais difícil por causa da falha em algum aspecto no contato com outras pessoas. 

As pessoas que eu conheço que tem a vida social mais intensa, com muitos amigos e extrema facilidade de conquista afetiva gostam de futebol, utilizado muitas vezes como "cola" social, mantendo as amizades conquistadas. As mulheres com vida social intensa, ao saber dessa facilidade socializante do futebol, resolveram aderir, naquela ideia de "se não pode vencê-los, junte-se a eles". Hoje já é difícil encontrar mulheres que não curtam futebol, mesmo que ainda não entendam suas características e que só curtam em épocas de copas ou em grandes campeonatos. O dever social fala mais alto.

E olhem que incrível. Mulheres, apesar de assumirem o risco de serem desprezadas em prol do gosto futebolístico de seus cônjuges, preferem os homens que gostam de futebol por entenderem que eles, por estarem cumprindo um "dever social", possuem mais facilidade de, através de contatos, resolverem os problemas delas, satisfazendo os aspectos de sustento e proteção que as mulheres sempre esperam deles. Um homem socialmente ativo passa (mesmo erradamente) a imagem de alguém mais esperto, decidido e capaz e o gosto pelo futebol serve como atestado disso. E os torcedores de futebol secretamente sabem muito bem disso, estando em vantagem na conquista feminina.

Essa facilidade de socialização é que tem feito o futebol ser não apenas o esporte, mas a forma de diversão mais popular do país, confundido com a identidade nacional. O dia em que deixar de ser uma obrigação social, certamente irá perder popularidade, pois a dispensa de adesão ao futebol para se ter uma amizade fará com que aqueles que curtem o esporte apenas para se socializar possam desistir do mesmo, até por encontrar outras formas de socialização.

Até porque não deveria ser o gosto pelo futebol que deveria fazer com que alguém fosse visto como simpático e sim o seu caráter e a capacidade de respeitar os outros. O resto é só diversão, nada além disso.

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