domingo, 7 de julho de 2013

O Brasil não precisa do futebol para se orgulhar

Somente a ignorância somada à baixa auto-estima para colocar uma forma supérflua de lazer como símbolo máximo de um país, quase como um sinônimo de civismo. Estava na hora de alguém mostrar a todos que o futebol não deveria ser confundido com patriotismo. O Brasil é grande e variado demais para se tornar refém e escravo de uma simples e supérflua modalidade esportiva.

A revolta contra a construção dos estádios de futebol em detrimento ao outros serviços gerou a inédita percepção de que o futebol não é mais nossa prioridade. Nunca deveria ter sido, mas tem gente que está estranhando o futebol ter sido deixado de lado. Há quem considere o futebol o "nosso rosto" e tirá-lo do foco foi uma heresia que está sendo difícil de aceitar, mesmo tipo de reação que os evangélicos tem em relação aos homoafetivos.

Para muitos, Brasil é sinônimo de futebol e vê-lo jogado a segundo plano incomoda, mesmo que algum brasileiro tente aceitar. Muita gente foi educada com a ideia de que o futebol era o nosso maior orgulho, aquilo que nos faz melhores do que os outros. Se já é errado se considerar melhor do que o outro, mais errado ainda usar uma diversão, uma simples brincadeira, para isso.

E para quem cresceu achando que o futebol sempre deve ser prioridade, doeu muito ver a modalidade esportiva ser trocada por manifestações de indignação pela má qualidade de vida que tivemos. celebridades, alheias aos sofrimentos cotidianos da população, logo reagiram mal (exceto os oportunistas), achando que foi um desrespeito ao país (sic) trocar o futebol por reivindicações pelas melhorias em nosso cotidiano.

Mas o mundo muda, ideias mudam. Muito de nossos costumes de séculos atrás se tornou impraticável nos dias de hoje. Antigamente era ofensivo um homem sair nas ruas sem usar terno e gravata. Porque não eliminar a ideia de que futebol é "patriotismo"?

Não precisamos do futebol para nos orgulhar. Temos a melhor área geográfica do mundo, cheia de atrações naturais que não existem em qualquer outro lugar. E num país que se caracteriza por ter diversidade em tudo, porque monopolizar o gosto esportivo? será que somente o futebol é praticado em nosso país?

A publicidade (com uma certa tristeza, creio eu), já aceita a não-unanimidade. Anúncios, embora ainda ufanistas e altamente proselitistas, já falam em milhares de torcedores e não em milhões, como sempre tem sido. Admitir isso é admitir que, não sendo mais uma unanimidade, o futebol deixou de ser uma obrigação "cívica" para o brasileiro. Péssimo para quem contava com esta suposta unanimidade para ganhar rios de dinheiro as custas do fanatismo pelo futebol.

Estamos em novos tempos. Novos tempos exigem novos costumes e novas ideias. Futebol, criado para ser uma mera forma de lazer e nada mais, aos poucos (e distante dos olhos da ainda ufanista mídia tradicional) deixa de ser vista como algo de extrema importância, retomando sua antiga vocação de simples hobby a entreter quem quer apenas se divertir.

Não precisamos do futebol para nos orgulhar de sermos brasileiros. O país é agraciado de coisas lindas e variadas que chega a ser uma mediocridade colocar uma simples modalidade esportiva como "motivo de orgulho cívico". Sendo um país como o nosso, superestimar o futebol é o mesmo que achar que um grão de areia e mais importante que uma praia inteira. Pensem nisso.

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