quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Não curte futebol? Considere-se inimigo da sociedade!

No Brasil, gostar de futebol é uma obrigação. Tanto é, que a maioria verdadeira demonstra nem curtir direito o esporte, não entendendo a parte técnica, se entediando durante os jogos e errando os nomes nas escalações, além de claro, ignorar todo o histórico sobre o esporte. O legal, para estas pessoas é estar incluído na sociedade, usufruindo dos mesmos direitos que esta mesma sociedade oferece.

Mas num país capitalista como o nosso, tudo tem um preço. E o preço de ser incluído na sociedade é gostar de futebol, no mínimo tendo algum time na carteira de identidade. É uma exigência tão rígida que se alguém assume que não gosta de futebol, quem gosta se sente ofendido e trata aquele que não gosta como uma espécie de inimigo público, capaz de gerar algum dano à sociedade.

Claro que esse pensamento é preconceituoso, mas num país onde todos são educados desde criança a gostar desse esporte e onde a mídia ignora a existência de quem não curte, como se "brasileiro" e "torcedor de futebol" fossem sinônimos, é natural que os preconceituosos ajam dessa maneira.

Eles ignoram que lazer não pode ser imposto. Lazer deveria ser fonte de prazer. Se o futebol não dá prazer para muita gente, paciência. É um direito não gostar.

E o que é mais estranho é que quem gosta age como vítima diante de quem não gosta, achando que o  avesso ao futebol irá proibir quem gosta de aderir ao esporte. Mais preconceito. Primeiro porque quem não curte só reivindica o direito de estar alheio, mas incluído socialmente. Segundo, quem curte nunca deve reclamar de preconceito, pois não sofre isso: pois toda a sociedade, toda a mídia e todas as autoridades estão do lado de quem curte futebol. Quem não curte é que caia fora dessa sociedade.

Não sabemos até quando isso vai durar. O fato de que o país vai sediar a próxima copa já aumenta o fanatismo futebolístico. Ainda mais que haverão melhorias - de fachada - em nome dessa copa, o que poderia servir de justificativa tola de que "o futebol melhora vidas".

Só sei que quem não curte tem todo o direito de viver bem, ter amigos e usufruir tudo de bom que a sociedade oferece. Ninguém pode ser privado por não curtir o que -supostamente - a grande maioria curte e que na prática não passa de uma obrigação social.

Vejam bem, um jogo de 90 minutos, praticado por um monte de analfabetos, com o único objetivo de enfiar uma bola em uma redinha, ao som de muita gente berrando feito alce, não pode nunca ser considerado integrante da etiqueta social.

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