segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Gostar de futebol faz parte da etiqueta social - infelizmente

Apesar da população brasileira adorar democracia e diversidade, ela se esquece destes dois aspectos quando aparece a questão do futebol. É um dogma social bastante arraigado de que o Brasil é o país do futebol e há uma silenciosa lei que obriga todo brasileiro a ser torcedor de futebol. A obrigação é tanta que muita gente que não costuma gostar do esporte, passa a gostar em época de copa.

Para a maior parte dos brasileiros, graças a essa obrigatoriedade, não gostar de futebol é visto como ofensa e falta de respeito. Basta dizer a alguém, mesmo de maneira simpática que não curte futebol, para ser visto como ameaça pela pessoa com quem se conversa. Para elas, não gostar de futebol é pior que falar palavrão quem festa granfina. Quem não curte muitas vezes é tratado como um mau-caráter, alguém com capacidade de prejudicar os outros.

Para piorar, os admiradores de futebol, ao tomarem conhecimento da existência de pessoas alheias ao esporte bretão, se sentem acuados, pedindo "respeito" por gostarem de futebol. Cá pra nós: os admiradores do futebol não necessitam de respeito vindo de pessoas como eu. Respeito eles têm de sobra, vindo de quase toda a sociedade brasileira e de toda a mídia e autoridades. Quem precisa de respeito são pessoas como eu, que não curtem futebol.

Quem não curte futebol é ignorado pela sociedade e por autoridades, que nunca se esforçam em oferecer alternativas de lazer durante a copa. Quem não gosta de futebol "que se vire" para se divertir durante o jogo da "seleção".

Aliás, eventos de futebol são muito usados como forma de afirmação social de quem gosta de futebol. Tanto é que mulheres, antes alheias ao esporte, passaram a gostar, devido ao medo de se sentirem excluídas de uma sociedade tão fanática pelo futebol.

O futebol é considerado um item muito presente nas etiquetas sociais de nosso país. Ter um time de futebol é tão importante para os torcedores quanto ter um R.G. ou CPF.

Infelizmente, a sociedade brasileira ainda não amadureceu para aceitar a diversidade esportiva e o direito de alguém não gostar de futebol. Apesar de ser um mero lazer, esse esporte é tratado com extrema seriedade, com frequência assídua em telejornais sisudos e inclusive respeito de autoridades que chegam dar status de heróis a meros jogadores, que além de não salvarem ninguém, não fazem nada além do que um bobo da corte sabe fazer.

Esse fanatismo que gera a obrigatoriedade do futebol incomoda e gera inimizades. Só falta lançarem uma lei obrigando os brasileiros a gostarem de futebol.

190 milhões de técnicos... humpf! Eu não sou técnico de porra nenhuma! Que se danem os jogadores de futebol! Eles não me alimentam nem pagam as minhas contas! As vitórias da "seleção" nunca mudaram a vida de ninguém e nem vão mudar.

Triste a sociedade brasileira. Ainda não está preparada para aceitar as diferenças.

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