quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Futebol e Religião: há explicação?

OBS: Poucos admitem, mas futebol é uma obrigação social para a sociedade brasileira. Ter um time "no coração" é, para quase todos tão importante quanto ter um número na carteira de identidade. Também é uma forma de felicidade postiça para quem não quer, seja por preguiça ou por medo, resolver os problemas de seu cotidiano, numa ilusão que prova a imaturidade de grande maioria do povo brasileiro. Imaturidade que justifica também a alta religiosidade do brasileiro, que utiliza essas duias coisas como fuga para os problemas que se recusa a resolver.

O cara que escreveu este texto e o missivista que o comentou são bem sensatos e reconhecem que, infelizmente, o futebol é ainda uma obrigação social cobrada de maneira rígida, onde quem assume não gostar, é eliminado automaticamente da sociedade, já que a maioria das pessoas não consegue conversar sobre outros assuntos com pessoas estranhas, a não ser sobre futebol.

Futebol e Religião: há explicação?

Claretimus - Blogue Rock 4 Life

Assim que nascemos, o normal é que nossa família se encarregue de nos incluir em alguma religião. Assim ocorre também quando o assunto é futebol: o normal é que alguém da família já defina um "time do coração"  para o recém nascido -- o que muitas vezes já é feito antes mesmo do nascimento!

No caso do futebol, nunca compreendi o motivo de se ter um "time do coração". Não faz sentido. Quase ninguém sabe explicar o motivo de torcer por um time de futebol. É um motivo quase sempre parecido  com aquele que explica a religião do sujeito: geralmente o pai e/ou a família influenciam. Mas e a razão, me pergunto? Ah, esta já foi abandonada faz tempo...

Respeito o esporte; gosto da competição. Dou valor ao entretenimento que o futebol proporciona e concordo que é realmente emocionante -- como qualquer competição esportiva. Até aí tudo bem; agora escolher um time pra torcer pelo resto da vida é que não faz sentido nenhum.

Os jogadores do time mudam ao longo do tempo; os líderes do time também; até o uniforme pode mudar. Logo, nem os jogadores, nem os líderes e nem os uniformes podem ser os motivos pelos quais alguém escolhe um time para torcer. Sendo assim, quais são os motivos? Realmente não sei.

Talvez a escolha de um time seja uma maneira de se "auto-enganar" a fim de tornar os jogos e todo o processo mais emocionante. Olha só, é o princípio da "Matrix": olha a pílula azul aí gente!

Há também a possibilidade da "obrigação social". Muita gente deve ter vergonha de falar que não torce por nenhum time. Aliás, aposto que muitos por aí devem ter um time sim, da época de criança, só pra poder falar que tem um.

Ainda dentro do "social", também podemos tentar explicar a "torcida" citando aquilo que favorece os regimes  totalitários nas mentes dos peões: todo mundo se sente parte de um grupo (a torcida), todo mundo é igual (uniforme), juntos todos são mais fortes (massa)! Além de virar um objetivo de vida para alguns...

Uma vez perguntei a um amigo a razão pela qual ele "amava" o seu time. Ele me respondeu que amava o time dele da mesma maneira que eu amava a minha namorada (ótima resposta, na verdade). Entretanto ele não soube o que me responder quando eu lhe disse que poderia trocar de namorada um dia (se ela mudasse ou se eu mudasse) e perguntei  se ele trocaria de time...

Por enquanto, prefiro vestir a camisa por coisas que trarão retorno positivo para mim, para a minha família e para a sociedade.

Comentário Para o texto acima

Anonymous Coward - Postado no mesmo blogue

É complicado quantificar ou qualificar a "sociedade" quando é muito mais mensurável e questionável a família, os vizinhos, os amigos e os colegas do trabalho.

Mas religião - como futebol - é daquelas coisas que caem no grande balaio das obrigações infantis. Depois que você cresce, não precisa mais fazer essas coisas se não quiser. É claro, um ou dois assuntos para quebrar gelo meio que desaparecem, mas as conversas nas quais engaja-se mais apaixonadamente são sempre melhores do que as sem sal nas que se entra por obrigação.

É um pouco como escolher entre agradar os outros ou a si mesmo. Nem sempre é mutuamente exclusivo, pois você pode falar de futebol sentindo-se pouco atraído pelo assunto.

Mas sou daqueles que pensa que só se engaja em discussão quando se quer muito convencer o outro e que só se quer muito convencer o outro quando não se tem certeza do que se pensa, então não me leve muito a sério.

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