sábado, 23 de março de 2013

Esporte e consciência social

Infelizmente, apesar da imensa influência que exercem para a sociedade, os esportistas são, em regra, alienados e bastante conservadores. Demonstram claramente o desinteresse em mudar a sociedade e se recusam a derrubar conceitos consagrados e melhorar costumes. Se limitam a exaltar a vitória em competições, se esquecendo que competir é uma prática que estimula o egoísmo, o pior de nossos defeitos e que deveria ter desaparecido há séculos.

Não vejo nenhum exemplo de transformação social que seja conduzida por algum esportista. No máximo, são aquelas instituições filantrópicas que propõem soluções paliativas e se baseiam naquela ideia tosca de que pobre só sabe jogar bola e tocar tambor. Há exceções quanto a isso, mas sobram dedos para contá-las.

Mas um esportista assumir publicamente uma postura considerada subversiva nunca aconteceu no Brasil. Brasileiros tem medo de mudanças e defender valores estabelecidos, mesmo errados, é hábito muito comum e traz tranquilidade para quem evita qualquer ato de subversão. Talvez o medo de perder patrocínio ou voltar a vida estagnada de antes do esporte possa fortalecer ainda mais esse conservadorismo. Até porque são os conservadores que mais investem no futebol. Contrariá-los seria um suicídio: em alguns casos, literalmente.

Um dos poucos casos em que houve um esportista brasileiro dando uma opinião controversa aos conservadores foi há alguns anos, quando o jogador Marcelo Vieira, que joga no exterior. Ele teve a honrada atitude de defender o respeito aos palestinos e teve a conta do Facebook deletada na época. Um ato de coragem e conscientização social que só poderia ser possível em um jogador que joga no exterior. 

Brasileiros que jogam no exterior enfrentam uma realidade totalmente diferente. Por serem influentes socialmente, quando jogam em países mais evoluídos intelectualmente, são obrigados a estudar e se conscientizar. A sociedade desses países não toleram ignorantes influindo na opinião e gosto da população. Do contrário do Brasil, onde qualquer bobagem dita por um jogador ou uma celebridade vira lei.

E isso é mal para nossa sociedade, já que sendo bem influentes, jogam no lixo a oportunidade de conscientizar a sociedade e direcioná-la a uma mudança que pudesse contribuir para o fim das injustiças e dos problemas que permanecem crônicos em nosso país.

Por isso mesmo nem levo a sério os esportistas no Brasil, salvo exceções. A maioria só está interessada em entreter e se entreter, usufruindo dos lucros financeiros e da popularidade que puxa uma gigantesca legião de fãs. Mudar a sociedade passa bem longe da meta deles e o sistema em que vivemos continua sendo o adversário mais difícil que qualquer esportista pode enfrentar. Por isso mesmo, os esportistas preferem fugir de medo do sistema e cuidar de suas vidinhas encantadas. Para o bem deles e para o mal da torcida que o idolatra.

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