quarta-feira, 22 de agosto de 2012

No Brasil, jogador de futebol nunca faz papel de vilão

Numa sociedade de valores decadentes, ter caráter é considerado supérfluo. O que interessa são os resultados que satisfaçam os interesses de quem os exige. É aquele negócio: os fins justificam os meios.

No futebol, esporte extremamente popular em nosso país, a ponto de criar gírias e influenciar outros setores da sociedade, isso também acontece. Os jogadores de futebol, tidos - erroneamente, é bom lembrar - como "heróis", só porque conseguem enfiar uma bolinha em uma rede, nunca são julgados pelas atitudes antiéticas. Ou tem as suas acusações negadas, ou se confirmadas, perdoadas. Jogadores de futebol nunca são condenados em uma sociedade que considera o futebol o condutor principal da sociedade.

Vários casos mostram o desprezo que a torcida (quase toda a sociedade, pelo que parece ser) tem pela moralidade dos jogadores de futebol. Para estas sociedade, os jogadores estão acima do bem e do mal, dispensados das obrigações éticas e morais. Já não possuem as intelectuais, o que importa?

Hoje a notícia do dia e a extrema alegria demostrada pelos torcedores pela volta do jogador Adriano ao Flamengo. Como é alardeado pela grande mídia, o jogador é famoso por seu comportamento irresponsável, farrista, semi-alcoólatra e amigo de pessoas fora da lei. Um pulha completo (só falta ser mau), que merecia o desprezo e abandono. Mas pelo contrário, como sabe chutar uma bolinha, é automaticamente perdoado pelos seus erros. Como se fazer o time ganhar pudesse compensar os danos que causa na sociedade. É sempre assim.

Em outras situações, onde claramente o jogador abusa de sua falta de ética, os torcedores fazem de tudo para livrar os seus ídolos da imagem de vilões, colocando-os no papel de vítimas, como se tivessem errado por ingenuidade. Como associar vilania aqueles que são considerados "heróis" por quase todo o país? casos não faltam.

O caso Bruno, que matou a namorada com a ajuda de seu melhor amigo, conhecido como "Macarrão", não foge a regra, já que para muitos torcedores, Bruno foi um bode expiatório de Macarrão, que por não ser jogador de futebol é considerado pelos torcedores como verdadeiro criminoso no caso.

Na separação tumultuada do jogador Alexandre Pato e a atriz Sthefany Brito, na opinião dos torcedores, até hoje, a atriz é que ficou como vilã da história (hipótese alardeada pela mídia, simpática ao jogador), quando os fatos mostram que o vilão na verdade foi ele. O fato de Pato ter se tornado genro de Silvio Berlusconi, um dos homens mais poderosos da Itália e "capo" moderno, totalmente desprovido de qualidades pessoais, joga mais lenha na fogueira de que o vilão no episódio com Brito, foi Pato. Mas como o casamento já acabou, ninguém fala mais nisso.

A polêmica Ronaldinho Gaúcho versus Flamengo deu no que falar na época, com o jogador exigindo uma indenização absurda para se desligar do Flamengo (hoje ele está no Atlético Mineiro, líder do campeonato, acredita-se por causa justamente de Gaúcho), piorando a imagem da presidente do clube, a ex-nadadora Patrícia Amorim que, por ser mulher e não ser ligada ao futebol, foi automaticamente posta no papel de vilã pelos machistas torcedores do time de futebol.

São apenas alguns casos de grande repercussão. Mas todos, salvas as suas diferenças, tem uma coisa em comum: a capacidade da mídia e torcida de dispensar os jogadores de futebol das obrigações morais, acreditando que o suposto heroísmo atribuído às suas funções compensem o mau exemplo que eles dão a uma sociedade tão carente de valores, mas que prefere que o Brasil seja o melhor do mundo no futebol, nem que para isso, passe a ser o pior em qualidade de vida, mantendo todos os erros e problemas que estamos cansados de ver.

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