segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nem aí pro Brasil, jovens não vão vestir a camisa da seleção nesta Copa

COMENTÁRIO DESTE BLOG: Com a ridicularidade do fanatismo de copa, cheio de incoerências e contradições, junto à imposição feroz da mídia que transforma um simples evento lúdico em "compromisso patriota", aumenta cada vez mais a quantidade de brasileiros que querem se ver livres da "seleção" e da copa. Ontem mesmo tive a felicidade de saber que um tio meu também não curte futebol.

A Folha de S. Paulo, do contrário da Rede Globo, ainda admite a existência de pessoas que não curtem futebol. Ela em época de copas sempre publica alguma reportagem sobre os anti-boleiros. isso acontece porque a Folha é um jornal, que não é o principal meio de comunicação.

A Rede Globo é uma rede de televisão. A televisão é a prioridade entre os meios de comunicação e o meio mais visto pela classe semi-analfabeta. O apelo visual da TV é mais facilmente entendido pelas pessoas de baixíssima escolaridade e para elas dever-se transmitir a ilusão de que o futebol é uma unanimidade, já que como pobres, eles sofrem e melhorar seu nível de esclarecimento e cultura podem transformá-los em possíveis subversivos, algo que amedronta a elite que tem a Rede Globo como sua porta-voz.

Acreditando no sucesso do futebol, os menos esclarecidos têm a ilusão de que seus problemas serão resolvidos pela vitória da "seleção" ou de seu time neste esporte, algo que a lógica não costuma permitir.

Nem aí pro Brasil, jovens não vão vestir a camisa da seleção nesta Copa

DIOGO BERCITO - IURI DE CASTRO TÔRRES - 14/06/2010-07h15 - Folha de S. Paulo
Rodrigo Capote/Folhapress

Amanhã, na estreia do Brasil na Copa do Mundo, se a seleção canarinho marcar pontos contra a Coreia do Norte, nem todos os jovens do país vão gritar "goooool".

Enquanto multidões sintonizam a televisão para torcer pelo Brasil, outros vão fazer torcida contrária --ou simplesmente ignorar os jogos.

"Eu torço é para a Argentina", confessa a estudante Letícia Saraboline, 19. "As pessoas querem me matar!"

Silvana Gonçalves, 19, é outra que encontra má recepção quando diz que vai vibrar pelos "hermanos", maiores rivais do Brasil nos gramados. "Meus amigos dizem que eu não entendo nada de futebol!", brinca, falando da predileção pelo país vizinho.

Preferência, aliás, que não vem de sangue. Silvana e Letícia apontam a prepotência dos brasileiros como o principal motivo para torcerem contra a própria seleção.

"Os brasileiros têm muita certeza de que vão ganhar. Isso me irrita", diz Silvana.

Nara Macedo, 17, também vai torcer para outro país como forma de protesto. Escolheu a Alemanha "só porque não é o Brasil". Mas a garota aponta outros motivos.

"A Copa não é tão importante. Não deveria mobilizar tanta gente!", desabafa. "É muita hipocrisia reclamar do país durante o ano e agora pendurar bandeiras verde-amarelas por todo lado."

Falso patriotismo

"Tentei criar uma campanha para o Dia Mundial do Meio Ambiente na firma, mas ela foi ignorada por conta de outra sobre a Copa", reclama o publicitário Bruno Figueiredo, 23, um dos donos da comunidade "Odeio Copa do Mundo!" no Orkut -- que tem mais de 2.100 inscritos.

"Nunca gostei desse patriotismo falso", diz Bruno. "O país para, tudo fecha, as ruas ficam desertas!"

As ruas vazias são justamente o motivo pelo qual o estudante Vinícius de Mello, 18, não vai assistir à partida de amanhã --em vez disso, decidiu andar de bicicleta pelas avenidas de São Paulo.

"Quero sentir como é pedalar sem ser atacado por vários motoristas", explica o corintiano. "Além do mais, tenho certeza de que o Brasil passa da primeira fase, então nem vou me preocupar."

Essa mesma sensação de isolamento irritou o estudante Felipe Vignon, 21, em 2006, quando quis sair durante os jogos da Copa e não encontrou nada aberto.

"Eu até gosto da cidade vazia, mas você não pode ir a lugar nenhum!", reclama.

Livros

Já Gabriel Sousa, 18, de Brasília, vai aproveitar os momentos de ufanismo para estudar. Ele vai prestar vestibular. "Vários concorrentes vão assistir aos jogos, então vou aproveitar", afirma.

Os livros também vão substituir a TV no caso de Natália Betti, 18, que tem prova na quarta-feira. Mas ela não veria os jogos nem que estivesse livre. "Prefiro as partidas de tênis de Wimbledon!"

Ela não torce contra. "Se o Brasil perder, vai ser pior, todo o mundo vai ficar irritado!", brinca.

Não gostar de futebol, por outro lado, não é o problema de Wellington Costa, 15. A questão é justamente ser apaixonado pelo esporte. "Não gostei foi da convocação da seleção!", explica.

Wellington conta que, nas últimas Copas, torceu a favor. "Mas nesta não dá! Grafite? Felipe Melo? Não jogam nada! Não quero que ganhem de jeito nenhum."

Bola cheia

Amanhã, se estiver assistindo à estreia do Brasil na Copa, preste atenção ao garoto da foto acima, de nome Juliano Lunardi, 16.

Ao menos para os que se importam com futebol, ele terá uma oportunidade invejável: entrará em campo segurando uma bandeira da Fifa.

O garoto, de Porto Alegre, conquistou esse prêmio ao participar de um concurso promovido pela Sony em que teve de gravar um vídeo sobre o esporte. Outros 57 brasileiros também foram escolhidos e vão a outros jogos.

No curta "Amor pelo Futebol", de quase três minutos, Juliano trata a bola com carinho, dando de comer a ela, pondo-a para dormir.

Premiado, Juliano embarcou no sábado para a África do Sul, e volta logo após o jogo. "Vai ser rápido, mas vale a pena!", diz. "Vou olhar em volta, sabendo que o mundo inteiro está assistindo àquilo naquele momento."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...