quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gols contra em favor da copa



COMENTÁRIO DESTE BLOG: Estranhou a figura? Não não é erro não. Ela ilustra bem o que consegui achar na internet e que reproduzo abaixo, aqui neste post.

Imaginem um jogo de futebol entre dois times: Capitalistas x Socialistas. Imaginem que neste jogo ambos os times só façam gols contra, pontuando sempre em favor do adversário.

Pois é o caso destes dois textos que reproduzo aqui. Um é o da blogueira Sônia Corrêa, que se assume de esquerda, socialista. Outro é o do fundador e um dos integrantes da cúpula da entidade capitalista conhecida como Instituto Millennium (entidade sustentada por empresas como as Organizações Globo e Folha de São Paulo), Rodrigo Constantino.

O que une ambos os textos é a incoerência que cada um tem em relação à direção política seguida pelos seus autores. O capitalista escreveu um texto anti-copa enquanto a que se assume socialista escreveu um texto pró-copa. Quem tem o mínimo de senso crítico sabe muito bem que é dos interesses dos capitalistas que a população se mantenha hipnotizada pela copa do mundo, tratando-a como "dever cívico" e desviando a atenção de problemas sérios, que segundo as pessoas mais ingênuas, serão resolvidos pela simples vitória de um time de amarelados em um simples campeonato que é a copa. Muito, mas MUITO dinheiro é investido para incentivar o consumismo e a alienação nesta época de copa.

Os socialistas, no lugar de combater essa manipulação ideológica, acabam aplaudindo a mesma, talvez comovidos em ver pessoas humildes sorrindo, mesmo que esse sorriso seja pela fictícia felicidade prometida pelo sucesso de uma simples equipe de futebol. os socialistas há tempos vem aprovando e defendendo a "cultura" popularesca, justamente por acreditar ingenuamente que essa "cultura" trará a redenção da classe pobre.

Temos que tomar cuidado com esses dois. Ultimamente está havendo uma grande confusão entre o que é esquerda e o que é direita, com o objetivo de fortalecer os capitalistas, enfraquecer os socialistas e manter intactos os privilégios e o poder de grandes empresários, os verdadeiros donos das rédeas desse país.

Estes dois textos merecem uma análise fria. Ambos entram em incoerência com a posição política de cada um, o que pode ajudar a confundir ainda mais os simpatizantes de suas tendências, causando assim, um "assassinato de ideologias" que terá por consequência a manutenção dos interesses citados no parágrafo anterior.

O primeiro texto que aparece é o de Sônia. O de Rodrigo vem logo em seguida.


A gente é do país da alegria e do futebol

Postado por Soninha - Posted On quarta-feira, 16 de junho de 2010 at 12:26

O povo brasileiro é singular e já nasce torcendo para algum time. Já virou tradição presentear logo os bebês com a roupa do time preferido, afim de garantir a nova geração de aficionados por futebol e mais especificamente para o nosso time.

A criatividade do nosso povo, manifestada – em especial – nas zombarias do futebol é algo excepcional. As piadas surgidas dos arrabaldes da cidade denotam a capacidade fecunda que só um povo tão esplêndido como o brasileiro tem.

Observe o engenho contido neste exemplo: Na sua última passada pelos pampas, Nivaldo Santana, corintiano entusiasta, resolveu se redimir com os gaúchos e gaúchas e contou a piada do seu próprio time.

A gente gostou e reproduz: “No dia seguinte a eliminação do Corinthians na Copa Libertadores da América pelo Flamengo, o dirigente do corintiano foi ter com Deus para saber se algum dia o time seria campeão da Libertadores. Sem qualquer vacilo Deus respondeu: Sim. O Corinthians vais ser campeão, só que não será na minha gestão”.

Há também as superstições. Existem pessoas que só assistem seu time jogar com uma determinada roupa ou num determinado local. Também tem aquelas que não assistem o jogo, em hipótese alguma, acompanhado dos chamados “pés-frios”.

Nilo Feijó me contou que numa oportunidade resolveu ser solidário a um amigo que gostaria de ir ao Beira Rio, porém não tinha companhia. Ao chegarem ao Estádio, quando se sentava para assistir a partida, o amigo anunciou: “Toda vez que venho no Estádio o Inter perde!”. Putz. Dito e feito. O tal amigo acabava de perder outra companhia para ir ao campo.

Aliás, quando assisto os jogos do Inter pela TV, gosto de ouvir pelo rádio. Escuto na Rádio Gaúcha, desde que o narrador seja o Pedro Ernesto Denardin. Se não for ele, gosto de ouvir pela Rádio Guaíba, contanto que seja na voz do Haroldo de Souza.

No último jogo da Libertadores antes do recesso da Copa do Mundo, o Estudiantes venceu o meu Inter por 2 a 1, mas acabou perdendo a vaga para o Internacional por ter levado um gol dentro de casa. Na soma dos dois resultados, o confronto terminou em 2 a 2. Mas o Inter levou a melhor por ter feito um gol fora de casa.

O gol do Inter só saiu aos 43 minutos do segundo-tempo. Só que há um detalhe: meu companheiro e eu assistíamos o jogo pela TV e ouvíamos pela Rádio Gaúcha. O Narrador era o Marco Antônio Pereira e o Inter seguia perdendo. Já estávamos nos aproximando do final do jogo e aquilo foi me agoniando.

O Júlio gosta mesmo de ouvir pela Gaúcha, independente de quem seja o locutor. Por isso, não lhe pedi que trocasse de estação. Foi então que, nos últimos minutos de jogo, sai da sala, liguei a TV do quarto e o rádio do meu celular na Rádio Guaíba. Pronto. Bastou eu ouvir a voz do Haroldo e Gooooooooooool do Inter. Bastou para confirmar minha superstição: ou o locutor é o Pedro Ernesto Denardin ou é o Haroldo de Souza.

Agora, na Copa do Mundo, os tópicos do twitter tiveram uma pane por conta do “Cala Boca Galvão”. Eu apoio a campanha. Que mala é esse cara! Apesar de que não há muitas alternativas na televisão de Santa Clara. Na Band tem o insuportável Neto. Nas SportTV também não há grandes coisas...

Mas o Galvão exagera. Ele é – sem qualquer sombra de dúvidas – pior do que 40 mil vuvuzelas tocando ao mesmo tempo num estádio. Ontem, na estréia pífia da nossa seleção Galvão se esforçou e forçou a barra nos elogios ao Kaká, que não apareceu para o jogo. Acabou elogiando o “modelito” de Dunga. Mas sem deixar de se auto-promover, até nisso: “O Dunga está fashion! Tem gente que pode discordar, mas quem é moderno vai admitir que o Dunga está fashion!”. Ninguém merece: Cala boca Galvão!

Enfim, engolindo o Neto, o Galvão, com as crendices, com as anedotas e galhofas, o bom mesmo é ter nascido no Brasil, o país que a gente nasce e recebe um fardamento... A gente é aquele povo que troca de emprego, troca de marido e/ou esposa, troca de partido político, mas, depois que escolhe um time, não troca nunca mais. Nós somos, com muito orgulho, do país do futebol.

A Pátria de Chuteiras

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Começa hoje a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Não sei se é apenas impressão minha, mas poucas vezes vi tão pouca empolgação popular com uma Copa do Mundo no país do futebol. E isso a despeito da excessiva propaganda nos meios de comunicação. Somos bombardeados incessantemente com notícias e reportagens sobre a Copa, mas nada disso parece surtir o efeito desejado. Não tenho a explicação para o fenômeno, se é que ele está corretamente observado. Mas gostaria de propor uma hipótese, talvez influenciada por meu desejo de crer nela: o público está saturado de tanto ufanismo!

Nunca antes na história deste país se viu tanta mistura entre nacionalismo e futebol. Desde o ditador Geisel não acontecia de a seleção brasileira desviar seu percurso para beijar a mão do líder máximo da nação. O discurso do técnico Dunga no anúncio da escalação foi um show de nacionalismo barato. O povo quer ver futebol, de preferência com craques fazendo arte, mas não deseja ver populistas e demagogos se aproveitando desta paixão nacional. Ao menos eu penso assim, e mais alguns amigos que vejo revoltados com esta postura. Será otimismo excessivo de minha parte estender isso para boa parte da população?

Em 1548, Étienne de La Boétie escreveu seu Discurso Sobre a Servidão Voluntária, onde sustenta a tese de que o povo acaba sendo escravo por opção. Ele diz: “Os teatros, jogos, farsas, espetáculos, lutas de gladiadores, animais estranhos, medalhas, quadros e outros tipos de drogas, eram para os povos antigos os atrativos da servidão, o preço da liberdade, as ferramentas da tirania”. Em resumo, o velho “pão e circo”. Troca-se o Coliseu pela Copa, e tudo continua o mesmo. “Assim, os povos, enlouquecidos, achavam belos esses passatempos, entretidos por um vão prazer, que lhes passava diante dos olhos, e acostumavam-se a servir como tolos”, lamenta o autor. Será que alguns estão finalmente acordando, graças aos exageros do nosso presidente? Sonhar é bom...

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