segunda-feira, 26 de março de 2012

A mídia começa a alimentar o fanatismo para 2014

Embora os criadores e produtores de televisão defendam que as novelas não influenciem a sociedade e sim o contrário, na prática, o que observamos é que as obras televisivas guiam a sociedade, consagrando pontos de vista e ditando costumes, transformando os telespectadores como meros robôs programados pelos programas de televisão (trocadilho proposital: entenderam a similaridade entre "programas" de televisão e "programas" de computador?).

A Rede Globo, que chegou a dar indícios de que é acionista majoritária da CBF, sonha com o dia em que o futebol se tornará unanimidade entre os brasileiros, quase como uma necessidade biológica indispensável. Para isso ela não se cansa de criar associações de fatos do cotidiano com o esporte bretão. Até na morte de Chico Anísio, houve oportunidade para legitimar o fanatismo alienante do ludopédio.

E da mesma forma que a minissérie Anos Rebeldes serviu de "inspiração" para o carnavalesco protesto pela saída de Fernando Collor da presidência (cujo verdadeiro motivo de "queda", embora poucos saibam, não foi a corrupção e sim o confisco da poupança, que prejudicou até os ricos), a emissora chefiada pela auto-exaltada Famiglia Marinho já prepara atiçar a já sequiosa "fome de gol" da população brasileira, para deixá-la bem calibrada para a histeria da primeira copa moderna sediada no mitológico "País das Maravilhas".

E para isso, criou um núcleo futebolístico na novela que se inicia hoje, Avenida Brasil, talvez na tentativa de empurrar o fanatismo futebolístico para o público feminino (embora seja evidente que a faixa das 21 h é que se situa as novelas de maior audiência da Vênus Platinada). Interessante que o público feminino, nada feminista em seu gosto futebolístico, prefere cultuar o mesmo futebol masculino cultuado pelos "machões" de plantão.

A produção da novela, prevendo críticas, já que apesar de ainda hegemônico, o fanatismo futebolístico já começa a ser criticado na internet (primeiro meio de comunicação a mostrar que a unanimidade do futebol era uma farsa), já se apressou em dizer que a novela "não é sobre futebol", que a protagonista "não pertence ao 'núcleo da bola' ", etc.. Tudo bem, tem outras tramas. Mas conhecendo o interesse típico do povo brasileiro, já dá para perceber qual trama vai se destacar perante as outras, com direito a possíveis participações dos astros da bola (os encrenqueiros do Flamengo vão participar?).

E com isso estamos muito, mas muito longe de ver o futebol sendo devolvido a sua condição de mera diversão, firmando a sua postiça função de dever cívico e obrigação social que faz com que o país inteiro pare durante um mês, de quatro em quatro anos para cultuar algo que comprovadamente nada oferece de útil para a nossa sociedade tão problemática, presa nesse fanatismo tipicamente infantil.

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