terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Atleta de grande clube revela que uso de drogas é algo bem comum no futebol brasileiro

Entrevista feita pelo repórter Caio Barbosa e publicada no diário Lance no dia 23 de março deste ano.

Caio Barbosa


A notícia envolvendo o zagueiro Renato Silva, do Fluminense, que foi flagrado num exame antidoping que apontou o uso de maconha, deixou muitos jogadores de futebol apreensivos. O LANCE! entrou em contato com um jogador, paulista, com várias passagens pela Seleção Brasileira, da Sub-15 à principal, que deu um depoimento impressionante. Segundo este profissional, que prefere o anonimato e é titular num dos maiores clubes do país, o uso de drogas como maconha, cocaína e ecstasy é muito comum no meio do futebol, sobretudo entre jogadores ricos e famosos, até mesmo da Seleção Brasileira. Confira a entrevista.

LANCE!: Qual foi sua reação ao saber do caso Renato Silva?
X: Achei que ele deu mole, é um jogador profissional e deveria saber se preservar. Só que não é hora de condenar o cara, mas de ajudar, porque condenar é sacanagem. Não é só o Renato Silva que faz isso, todo mundo faz. Condená-lo é falsidade, hipocrisia.

L!: Todo mundo faz? Como assim?
X: Todo mundo é modo de dizer, mas jogador usa droga, sim. E como usa. Este caso do Renato Silva está até repercutindo entre a gente, porque a grande maioria acha, ou achava até então, que o exame antidoping só aponta que o jogador usou a droga, no caso a maconha, sete, dez dias após o cara ter fumado. E agora estão dizendo que fica no corpo por 40 dias ou mais.

L!: Tem gente preocupada?
X: Deve ter, com certeza. Já cansei de ver jogador perguntar a médico se pode fumar tal dia, porque só tem jogo uma semana depois.

L!: E os médicos deixam?
X: Não. Recriminam, mas por outro lado sabem que o cara é maior de idade e se quiser fumar, vai fumar. Ou cheirar, o que seja. Então, para não pegar para lado nenhum, o cara orienta. Mas nunca aprova. Nem poderia, né! O cara é médico.

L!: Mas jogador se droga com freqüência?
X: Direto. Se ficar machucado ou suspenso, se tiver uma balada massa, o cara fuma mesmo, cheira mesmo, toma remédio, ecstasy, faz tudo.

L!: Mas isso deve ser mais entre a garotada que fica deslumbrada quando chega num grande clube, vem do interior sem muita instrução, como no caso do próprio Renato Silva. Certo?
X: Que nada. Não tem muita regra, não. Mas se eu tivesse de apontar, diria que são muito mais os jogadores experientes, cascudos, do que a garotada. Na Seleção tem, em clube grande tem. Em clube pequeno, de onde eu vim, é que pouco tem. A garotada fica com medo, ainda está naquela fase de afirmação na carreira, não quer se queimar.

L!: Quem usa droga?
X: Está de sacanagem comigo? Claro que eu não vou falar, não tenho nada a ver com isso. Cada um faz o que quer da vida. Mas este mundo é sinistro, é submundo, submundão mesmo. É muita droga nas internas. O único cara de quem eu posso dizer, porque não é novidade para ninguém, todo mundo no meio sabe, é o Pitbull, que jogou na Ponte Preta e foi pego no Bahia. Todo mundo diz que ele é sinistro, sobe morro, leva, traz, faz tudo. Ele é chapa quente e não escondia, não. Atualmente, não sei como ele está, sinceramente.

L!: E da Seleção?
X: Quem é íntimo dos caras, sabe o que rola. Não sou eu que vou dizer. Mas na balada tem de tudo. Só não fique com essa cara de surpreso, não (risos).

L!: Mas você vai para a balada também, que eu sei.
X: Vou.

L!: Se droga também?
X: Estou fora. E se tivesse de fazer, faria nas férias. Mas estou fora. Temos vários exemplos ruins aí e eu não vou dar mole para o azar.

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